No terceiro trimestre de 2023, o desemprego no Brasil alcançou a marca de 7,7%, a menor taxa registrada desde 2015, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta notícia positiva, porém, esconde um cenário mais complexo: a participação no mercado de trabalho ainda não retornou aos níveis pré-pandemia.
Fernando Barbosa Filho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), observa que a atual taxa de desemprego esconde um alerta para a economia. Ele explica: “Se colocássemos todas as pessoas que estavam na força de trabalho antes da pandemia de volta, e elas não conseguissem emprego, nossa taxa de desemprego ainda estaria em torno de 10%.”
Essa constatação leva em consideração a queda na participação da população com 14 anos ou mais no mercado de trabalho, a qual caiu de 63,4% em fevereiro de 2020 para 61,8% no trimestre encerrado em setembro. Barbosa acrescenta: “As condições estão mudadas. Portanto, comparar o nível atual de desemprego com o do passado é como comparar uma temperatura medida em grau Celsius com outra em Fahrenheit.”
O pesquisador também observa que a taxa de participação chegou a atingir o ponto mais baixo, 56,7%, no trimestre móvel encerrado em junho de 2020, no auge da pandemia do novo coronavírus. Desde então, houve uma recuperação, mas a partir do terceiro trimestre do ano passado, essa recuperação estagnou.
Portanto, enquanto o Brasil comemora uma taxa de desemprego historicamente baixa, a situação real é mais complexa. A economia enfrenta o desafio de aumentar a participação no mercado de trabalho e garantir que a recuperação seja completa e sustentável, levando em consideração as mudanças nas condições de emprego no pós-pandemia.
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